De início agradecemos ao AGE pelo trabalho e atenção,
pois sem as informações fornecidas cremos que jamais teríamos tranquilidade
para nossas tomadas de decisões na escolha de como nossa filha viria ao mundo.
Entretanto, tivemos a consciência de não fazermos dessas informações uma
cartilha, uma regra, uma bíblia a ser seguida... Apenas tomamos como
conscientização, pois se tratando da natureza não se pode levar tudo a ferro e
fogo... “CADA CASO É UM CASO”... Usamos muito isso como respostas... rss...
Inclusive para aquele(a) MALA que sempre surge com um bla bla bla da vizinha,
da amiga, da prima, da empregada, da avó, que teve um filho e... em fim... Aqui
segue nosso relato e esperamos que ele sirva também de conscientização para
quem busca informações. Não queremos julgar nem avaliar ninguém que nos ajudou
em todos os momentos, desde a gestação até o nascimento!
Tudo começa com os sinais avisando de que era hora de
ficarmos espertos. Eles iniciaram-se na madrugada de 6ª feira para sábado, por
volta de umas 04Hr da madrugada. Minha esposa sentiu algo molhado e de cara
imaginamos que era a BOLSA estourando. Ela dormia sem calcinha e ao levantar-se
vimos o líquido escorrer tipo baba esticando até o chão. Tinha o aspecto de
creme amarelado com catchup... rs... Bem como o AGE ilustrou numa de suas
palestras. Aí confirmamos que se tratava do TAMPÃO MUCOSO. Mantivemos a calma,
ela se limpou e voltamos dormir.
Acordamos no Sábado 13/09/2014 normalmente, se não
fosse nossa euforia e alegria de ver logo a carinha da nossa bebê. Eu fui
trabalhar completamente desconcentrado e minha esposa ficou em casa monitorando
as contrações a cada vassourada e passada de pano... Limpar a casa foi o meio que
ela encontrou de se distrair, logicamente respeitando um certo limite em função
do barrigão!
Almoçamos e as contrações foram ficando mais padronizadas.
A tarde chegou e resolvemos sair dar uma espairecida, quando que por volta das
18:30 depois de um sorvete, as contrações ficaram mais fortes e o tempo de
duração e intervalos entre elas também mais compassado seguindo uma média,
exatamente conforme as orientações. Mais uma vez... PONTO PRO AGE!!! Hehe...
Fomos para a maternidade do SUS no intuito de saber
sobre as contrações, mesmo sabendo do risco de uma internação precoce, pois
segundo orientação da Doula Samara, isso poderia acontecer e, foi no que deu...
Minha esposa foi internada por volta das 19Hr de Sábado com 4cm de dilatação. Ela
até tentou questionar essa decisão, porém em vão. Alegaram que ela já estava em
trabalho de parto e a partir dai nossa jornada começou.
Havíamos preparado um PLANO DE PARTO, onde colocamos todos
nossos desejos de como gostaríamos que nossa filha viesse ao mundo. O desejo da
mãe de ter o acompanhamento do pai sempre que preciso, o uso das instalações
para o alívio de dores como chuveiro, corredores, dentre outras observações pertinentes
a todo processo e entregamos para a enfermeira chefe daquele turno.
Um conselho: por mais nervosos e apreensivos que
estejam os pais, tentem manter a calma e sejam cordeais com os profissionais
que atuam na Maternidade. Desde a segurança, portaria, recepção, até as
enfermeiras. Não precisa bancar o bobo alegre, sorrindo pra tudo e pra todos.
Educação e canja de galinha não matam e faz bem. Lembre-se, os profissionais
atuantes na saúde também estão sob estresse e, assim como você, eles também
buscam pelo melhor resultado no final de tudo!
Pois bem, minha esposa instalada, eu informado e
orientado dos horários de visita e com toda expectativa e apreensão nossa noite
se iniciava.
Já no Domingo de manhã, por mensagem de celular, minha
esposa me informa que estava com 7cm de dilatação e que havia passado a
madrugada já na sala de pré-parto.
Fui liberado a entrar para o acompanhamento, umas
10Hr e o dia seguiu com as contrações, porém nada da minha filha querer nascer.
Exaustivamente alternávamos entre caminhadas e banho para alívio das dores,
sempre acompanhados de perto das enfermeiras, porém sem muito alarde, apenas um
monitoramento dos batimentos cardíacos e umas palavras de carinho para
tranquilizar nossas apreensões. Tendo em vista que não tínhamos progresso na
dilatação, apenas a ruptura parcial da bolsa e alguns outros alarmes falsos de
perda de líquido. De fato um trabalho admirável de toda equipe... Passam muita tranquilidade!
Quando chega umas 17Hr, com as contrações mais
fortes, fomos informado que tivemos um progresso na dilatação. Minha esposa tinha
quase 9cm, agora faltava pouco! Começamos a receber orientações da maneira
correta dos exercícios e de como fazer a força do parto, foi quando vejo a
bolsa se romper por completo e minha esposa urrar de dor. A enfermeira chefe
veio, examinou e então nos orientou que tínhamos dilatação completa e que
faltava apenas minha filha coroar, ou o que elas chamam de aparecer os
cabelinhos. Eu pude participar desse processo e ajudar nos exercícios, fiquei
numa posição em que as parteiras ficam e cheguei a ver os ditos cabelinhos,
porem não o suficiente para que o Médico Obstetra daquele turno transfira minha
esposa da sala de pré-parto para a sala de parto. Faço uma ressalva pra falar
que durante todo o tempo em que ficamos trabalhando e lidando com as
contrações, esse Médico Obstetra nunca deu as caras e já eram umas 18:30,
significando uma briga contra o tempo, uma vez que o turno daquela equipe
chegava ao fim.
Chegou 19Hr e infelizmente com ele chegou a troca de
turno. Nossa Enfermeira Obstetra dava lugar a outra equipe onde nela veio outro
Médico Obstetra.
Esse novo médico chegou e, sem avaliar ou questionar
nossa história, tomou uma decisão que ELE julgou necessário. Eu imaginava que
tinha uma troca de informação nessa troca de posto, “Só Que Não”... Ele simplesmente
chegou e resolveu levar minha esposa para a sala de parto solicitando anestesia
e nos orientando que faria um PARTO SEM DOR. Conforme caminhávamos, ele nos
esclarecia dos procedimentos. De cara desaprovei essa atitude, muito em
consideração a todo trabalho que a Enfermeira Obstetra teve antes dele, e sem
que eu percebesse ele pede a uma auxiliar para que me levassem numa outra sala
para eu me fantasiar de médico, enquanto ele fazia o parto. Fiquei nessa sala
aguardando meu chamado uns 20 minutos, ouvindo minha esposa gritando sem que eu
pudesse fazer nada. Confesso a vocês que estava prestes a fazer besteira, mas
tentei me acalmar, orar e entregar nos braços de Deus.
Quando chego a sala, vejo minha esposa na maca, um
corte, sangue e um instrumento. Prontamente identifiquei o processo e de cara
fechada fui até ele e o questionei. Ele de modo educado me relatou e logo quando
vi minha filha e minha esposa bem, me desarmei.
Toda minha vaidade de exigir algo ideal segundo as
informações que tinha veio a baixo.
Sim acompanhei todos os processos imagináveis que um
parto humanizado abomina. Sim me questionei sobre todas as informações que
tinha obtido. E sim julguei, avaliei e me irritei com a atitude do Médico...
Mas mesmo com tudo isso, recomendo com louvor os serviços do SUS. Como disse no
início deste relato, não pretendo que julguem, tão pouco que levem nossa
realidade para a realidade de vocês. Lembrem-se que CADA CASO É UM CASO. E
tenham certeza de que lá no SUS eles trabalham para que todo CASO tenha seu
final feliz.
Então... Eis que no dia 14/09/2014, às 19:23, pouco
mais de 24Hr depois da internação, fomos agraciados pela chegada da Manuella,
carinhosamente apelidada por Ella, referente aos 2 “Ls” no nome e também a uma
música chamada ZAZUEIRA, interpretada por Jorge Bem Jor, onde o refrão canta
“ELA VEM CHEGANDO”. Mas na maternidade Ella ficou conhecida, a princípio, como a
bebê do fórceps de alívio e posteriormente como o bebê grande!
Embora esse não tenha sido nosso final de parto
ideal, devido às intervenções cirúrgicas. Reconhecemos todo empenho das equipes
de ENFERMAGEM da Maternidade do Hospital Regional, inclusive dos estagiários do
Curso Técnico da ETEC, em procurar humanizar a cada trabalho que iniciam.
Aos Médicos, deixamos apenas o respeito pelo diploma
obtido, pois entendemos os esforços nos longos anos de estudo. Mas do fundo do
coração fica também nosso desejo de que um dia eles atuem nessa área apenas em
casos de extrema urgência, pois MATERNIDADE não combina com frieza e outros
procedimentos artificiais!
Texto por Caio Padula, Caião