quinta-feira, 31 de julho de 2014

Relato de Parto Alice, Murilo e Diego (Parto normal humanizado -Hospitalar)



Meu relato começa no dia 18/06 quando fui à consulta com meu GO, ele me disse que primeira gestação não espera 42 semanas e sim 41, e eu completava 41 semanas naquele dia, então ele sugeriu aguardar ate sexta feira e se não entrasse em trabalho de parto tentaríamos indução, já me deu a carta de internação e eu fui embora super chateada afinal esperei tanto por esse momento, mandei whats pra Suzana q me sugeriu ir ate o consultório dela e da Giovanna à noite e fui eu RS... ela me examinou e descolou a bolsa pra induzir naturalmente nos conversamos bastante a Gio fez acupuntura e a Suzana fez auriculoterapia. 
Sai bastante empolgada pensando que agora sim entraria em tp. Cheguei em casa tomei um banho quente e o chá q elas me indicaram e fui dormir porque agora sim eu entraria em tp SQN, acordei na quinta feira sem sinal nenhum, então resolvi caminhar e tomar banho o dia todo fui ate em Alambari na feirinha kk e nada... enfim a noite já tinha desistido separei as malas deixei tudo pronto pra sexta feira que as 7hs internaria pra induzir  fazer o que.
E sexta feira às 6hs despertou o celular e eu senti uma dorzinnha, mas pensei comigo “É psicológico imagina que ia entrar em tp agora”, fui ao banheiro e outra dor, entrei no banho e mais uma dor, a Samara minha doula chegou e sai do banho e falei pra ela que achava que estava em trabalho de parto e veio outra dor pensei comigo “ Esse sim marcou com o GO o dia pra nascer kk”....e fomos pro hospital.
Chegamos junto com o medico ele me examinou e disse que estava com quase seis cm de dilatação, mas ainda deixou prescrito Misoprostol pra adiantar um pouco acredito eu.
Fiz um cardiotoco q ele pediu e tive a certeza que deitada não daria pra ficar meu Deus que horror, fui pro quarto e já entrei no chuveiro e fiquei ate a EO chegar pra abrir o pré parto, recebi muitas visitas das colegas de trabalho no chuveiro mesmo RS.
Andei pelo corredor e logo depois fui pro pré- parto, estava super tranqüila me lembro da Fernanda entrar no banheiro e me ver rindo e dizer que estava errado porque eu estava rindo... Mas era tranqüilo mesmo a dor vinha e logo ia embora como uma onda mesmo.

Fiquei no chuveiro quase todo tempo só saia de La pra EO me examinar, revezava fiquei na bola (que era o que mais me aliviava), no chão, na banqueta e quando vinha à contração a Samara fazia massagens maravilhosas e revezava com meu marido que aprendeu a fazer massagem na hora que precisava kk, me lembro que ele e a Sah usam óculos e quando eu olhava pros dois os óculos estavam todo embaçado devido ao vapor do chuveiro e eu achava um sarro.

Foi tudo muito tranqüilo mesmo ate que as coisas pioraram rsrs, porque como disse as contrações vinham e logo iam embora, mas naquela hora (não sei dizer à hora exata) elas vinham e iam embora, mas já vinha outra antes mesmo da ultima acabar e ai eu sai de mim, resolvi que não queria mais brincar daquilo tudo kkk, disse pra Sah e pro meu marido que não queria mais que era pra chamar todo mundo porque eu tinha mudado de idéia kkk e foi nessa hora que conheci outro lado do meu marido a Samara me disse que era assim mesmo q se eu achava q não ia agüentar mais era porque estava no fim e meu marido me deu muita força não me deixou desistir, eu falava pra ele que não agüentava mais e q eu tava falando serio e ele me dizia q também tava falando serio kk. Não me pergunte como é esta dor porque já não me lembro mais.
Logo fui pra cama pra EO me examinar de novo porque ela tinha q chamar a equipe toda. O problema é q depois q deitei começou a vontade de fazer força e não consegui me levantar mais infelizmente a Sah me sugeriu levantar tentar a banqueta ou ficar em pé mesmo, mas eu não conseguia mais.
Depois disso não me lembro de muita coisa, lembro que a secretaria veio avisar q o GO estava entrando numa cesárea naquele momento e q a EO pediu pra chamar a plantonista e eu não deixei porque não me dou muito bem com a tal.
Lembro também que a EO queria colocar soro em mim, mas eu não quis, não tinha por que.
E logo o GO chegou e depois disso só me lembro da minha vida mudando, sim, porque eu renasci no momento em que meu filho veio ao mundo, Murilo nasceu às 13h13min com 3, 460 e 55 cm, veio direto pro meu colo que emoção meu Deus, ficamos pouco tempo juntos logo levaram pra fazer as tais avaliações que foram muito boas com notas 9e 10 de apgar, mas ele voltou rapidinho pra
mim.
Mas ai sim começou meu sofrimento o Murilo mamou, o GO massageou e massageou e massageou de novo (repito porque foi muito tempo de massagem e de dor), mas minha placenta não saiu e pra minha tristeza tive que ir pro centro cirúrgico (ah é não contei q tive meu BB no pré- parto por minha vontade é claro) tomar a tão temida anestesia pra poder tirar a placenta. Mas enfim fazer o que o principal que era meu BB estava bem.
Sei que não foi tudo perfeito que passei por muitos procedimentos desnecessários, mas ainda assim considero que vencemos o sistema porque lutei ate o fim pelo meu parto e ele aconteceu.
Enfim tirando a parte da placenta foi tudo muito maravilhoso só tenho a agradecer primeiramente a Deus por me proporcionar ser Mãe e por colocar pessoas tão maravilhosas no meu caminho.
A Samara Barth que foi minha doula voluntariamente (pois não teria condições de bancar uma) que mulher incrível, humilde, me tranqüilizou tanto que nem eu sabia que podia ficar tão calma, entrou debaixo do chuveiro comigo coitada foi embora tudo ensopa kk, só tenho elogios e gratidão a você e saiba que pro próximo (já pensando em próximo a louca kk) você esta convocada hein!
Ao AGE por me emponderar tanto, por me acalmarem quando precisei, sem vocês acho que teria ido pra uma desnecesarea, e rezo todos os dias pra que esse projeto dure e evolua muito pra ajudar a muitas mulheres ainda. 
A minha Irma Débora por acompanhar todo meu trabalho de parto e de ser minha fotografa kk, você é uma mulher usada por Deus suas orações na fase final do meu parto me ajudaram muito.
Ao meu marido Diego por me apoiar desde o inicio e comprar minha causa em busca do parto normal, pela força pelas palavras q me encorajaram a não desistir, pelas massagens no tp e pelo pai maravilhoso q tem sido te amo. Principalmente por não acreditar em mim quando disse q não queria mais kk.
As minhas amigas Fernanda Brisola, Bruna Domingues, Solange Nery e Neli pelo apoio durante toda minha gestação vocês me deram força pra trabalhar ate o final da minha gravidez adoro vocês demais.
E por ultimo, mas não menos importante a Cris doula, Renata Olah e Gisele Leal vocês mesmo sem saberem me convenceram que o parto normal é o melhor e sonhar com o meu parto por tantas vezes antes mesmo de estar grávida cada relato era um choro de emoção e a convicção de que era aquilo que queria pra mim.

Alice Neves

Saúde e sistema imunológico do bebê





Conheça nosso palestrante do encontro desse sábado dia 2 de Agosto!

Com vocês, tenho a honra de apresentar o médico homeopata Dr Pedro Luiz Ozi!

Formado na Faculdade de Medicina de Sorocaba (Puc SP) com título de especialista AMB e AMHB em 2001 e qualificação na especialidade de Homeopatia, CRM SP 2003. O dr Pedro atende em seu consultório em Itapetininga desde 1979.
E o currículo dele, vai longe, dá uma olhada!
Membro do Conselho Editorial da Revista da Associação Paulista de Homeopatia e do Boletim Informativo dessa mesma Associação (APH), na década de 1990.

Cursos de Aperfeiçoamento

Título de Especialista AMB e AMHB em 2001. Qualificação na especialidade de Homeopatia, CRM SP 2003
Curso de Pós-Graduação em Homeopatia pela Associação Paulista de Homeopatia   de 1979 a 1980.
Liga Medicorum Homeopathica Internationalis de maio a outubro de 1986.
Escuela Médica Homeopática Argentina de abril a outubro de 1987.
Curso de Homeopatia da Associación Homeopática Argentina (Buenos Aires) de 03 a 20 de outubro de 1979.
Curso de Introdução à Homeopatia pela Sociedade Brasileira de Homeopatia Dr Alberto Seabra de 31 de junho a 01 de agosto de 1979.
  
Outras Referências

XIV Congresso Brasileiro de Homeopatia de 06 a 09 /9/1978 (acadêmico).
Congresso Internacional de Homeopatia de 07 a 10/10/1997.
XVI Congresso Brasileiro de Homeopatia de 03 a 06/9/1982 Curitiba(PR).
XVIII Congresso Brasileiro de Homeopatia -outubro/1986 Salvador(BA).
IV Simpósio Brasil - Argentina de 10 a 14/11/1991 Curitiba(PR).
XIX Congresso Brasileiro de Homeopatia de 31/10 a 03/11 1988 Gramado(RS).
XXV Congresso Brasileiro de Homeopatia de 06 a 10/9/2000 Rio de Janeiro(RJ).
XXVI Congresso de Homeopatia de 21 a 25/10/2002 Natal(RN).
XXIX Congresso Brasileiro de Homeopatia 17 a 21/9/2008
Aula Princípios da Homeopatia no Curso de Introdução à Homeopatia do Congresso de 2008
Apresentação do trabalho “As reações de defesa podem contribuir à volta da normalidade emocional?” no Congresso de 2008, pelo ICEH.
Professor do Curso Básico da Associação Paulista de Homeopatia, ICEH e atualmente, Alpha Educacional
Orientador de Ambulatório da APH
Orientador do Ambulatório ALPHA/APH.



 Venha participar desse encontro MARAVILHOSO! Como sempre, encontros abertos ao público! 


quarta-feira, 2 de julho de 2014

Relato de nascimento da Teresa (Parto domiciliar planejado em apenas 2 semanas)

(oi, eu sou Teresa)
relato de parto é sempre meio chato. a maioria, eu acho. aquilo que foi a coisa mais incrível pra você, realmente, é coisa tua. mas depois de três anos fazendo amizades (virtuais e reais) com muitas pessoas do apoio ao movimento pela humanização do parto, indo a reuniões, passeatas, ajudando a financiar filmes e divulgar leis, tudo sempre relacionado com o direito que acredito que a mulher e todo ser humano tem, de não ser violentado e enganado, sinto que tenho um certo dever em dizer como consegui realizar aquilo que pra muitos é loucura, burrice, coragem, insanidade, primitivo, incrível: tive minha filha em casa, de parto natural, com a ajuda de uma equipe de parteiras e meu marido. e só.
quando tive minha primeira filha, achei a coisa mais óbvia do mundo não querer que me cortassem voluntariamente (realizar uma cirurgia de extração fetal, ou cesárea). gosto de estudar, gosto de estatística, gosto de ciência. acho que a medicina deveria ser preventiva e que só devíamos nos medicar com alta necessidade.
li, reli, muita coisa sobre parto e gravidez, e achei muito facilmente o que me convencesse que a cirurgia é sim, salvadora pra quem precisa, e extremamente prejudicial pra quem não precisa. podem usar o google. não vou perder tempo explicando por que a cesárea causa mais morte materna, prejudica amamentação, aumenta internação de recém-nascidos, e por aí vai. 
mas, foi no nascimento da minha filha que percebi que não adianta querer um parto normal. o sistema (médico) não quer mais. o Brasil é o campeão mundial em cesáreas. o hospital onde eu iria dar a luz…possui taxas de 10% de parto normal. algo está muito, muito errado.
o relato do meu parto (a)normal no hospital, há 2 anos atrás, está aqui.
grávida de novo, pensei: quais são as minhas opções, agora? porque lá eu não volto. mudei de médico, não senti firmeza. ela acompanhava parto normal, mas…como garantir que ela estivesse comigo? é tão fácil ela não estar. e onde? naquele lugar com cama ginecológica e sem nem um chuveiro em sala de parto? não.
passei a gravidez toda falando que iria ter a Teresa no carro do bombeiro. e eu não estava brincando muito não. achava melhor estar numa emergência dentro do carro vermelho, do que no hospital. ao menos, não iam fazer nada. eu ia fazer meu parto. e o bombeiro Juvenal iria amparar o bebê no banco de trás.
com 34 semanas de gravidez, tive muitas contrações (um excesso, mesmo) e tive que ir ao hospital pra checar. foi tão ruim lá, que avisei o marido: eu não venho aqui ter a bebê. eu vou ficar em casa e vai nascer onde for, mas aqui não.
com 37 semanas cheguei um dia na obstetra…mais uma consulta meio inútil…pesar…ouvir coração de bebê…medir pressão e…tchau. falei:
- doutora, eu estou tão bem…por que tenho que ir pro hospital? eu não vou.
- ué, você é uma gestante sem risco algum.
- então tudo bem se eu te dizer que vou pra casa ter lá minha filha?
- quem é tua equipe?
expliquei que conhecia algumas enfermeiras obstetrizes que poderiam ir.
- ah, eu acho que você vai ficar bem. não acho loucura não. 
e então eu não voltei mais. 
tenho que agradecer muito ao acaso (que me promoveu no trabalho na maior correria, no susto, no oitavo mês de gravidez, e nos deixou pagar pelo parto domiciliar com mais tranquilidade).
tenho que agradecer muito às amigas do MAHPS e do ISHTAR-Sorocaba, que já faz uns anos que abrem meus olhos pra situação de violência obstétrica brasileira (e na minha cidade, também).
ao diretor da maternidade gente fina, que me disse que preferia mil vezes ter um filho em casa.
à doula à distância, porque grávida de mesma idade gestacional, e amiga, Gisele, que me ajudou a gravidez toda e ainda me indicou as profissionais que me deram segurança pra montar, em 2 semanas, um parto domiciliar às pressas pra Teresa.
à minha mãe, que me ouviu ter esta ideia assim, no finalzinho da gravidez, e em vez de surtar contra, me apoiou. ela sofreu violência obstétrica muitíssimo parecida com a minha. somos histórias bem repetidas, e ela queria me ver poder fazer diferente agora.
ao marido, que ao me ouvir comentar assim, como quem não quer nada, com 37 semanas de gestação:
- ei, se eu te dissesse que quero ter a bebê aqui, em casa, com você e duas parteiras…você toparia?
- ué, é o que você deseja?
- acho que sim.
- carol, vamos. eu te ajudo. vamos ficar em casa.
- mas você acha que eu banco isso? que eu consigo?
- eu acho que se você não consegue isso, ninguém mais conseguiria. vamos?!
no dia seguinte ele estava contando aos clientes que iria ter um filho em casa dali uns dias, me mandando vídeos de parto domiciliar, todo orgulhoso. senti firmeza.
organizei as coisas, conversei com as profissionais, achei que fosse ficar muito nervosa, mas não. compramos os materiais uns três dias antes. 
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o dia do parto (ou a noite que pirei com a gravidez)
só quem está no limite psicológico e físico do nono mês de gravidez sabe do que estou falando: você promete todo santo dia que aquela é tua última vez. que chega! você está cansada, pesada (não importa quanto engordou…engordei somente 4kg e fiquei super cansada também), ansiosa e louca pra que acabe. 
eu olhei o calendário da lua, a parteira veio me ver em casa…e chegamos a uma data provável: eu sentenciei:
- nasce depois da virada da lua, com 39 semanas. eu sei. estou exausta e ela quer sair.
naquele fim de semana, viajamos, saímos, comemos, fui fazer caminhadas, fui a festas. não sentei. na noite de domingo, a lua virou e a neném pirou. não dormi nem uma hora a partir da meia-noite. ela se mexia tanto, e eu tremia inteira de cansaço. deitada na cama, vi o travesseiro molhado de suor, neste baita frio.
marido trabalhando no computador na sala, eu saio do quarto e aviso: vai dormir, porque sua filha vai nascer pela manhã ou a tarde e você vai estar cansado. estou estranha pra caramba, ela está maluca, e eu não aguento mais.
conversei com minha doula à distância até meia-noite, falando como estava destruída e louca pra que a bebê saísse daqui.
entrei no chuveiro era 2h da manhã, cansada, exausta, sem perceber que já estava com dor. sentei no banquinho que estava lá e chorei feito doida. não faço ideia por quê. cansaço, ansiedade, alguma dor. saí do banho e marido me olhando: calma, mãe, logo vai acabar.
tentei dormir, não adiantou nada. as contrações começaram. de 10 em 10 minutos. voltei pra sala e avisei. ele foi dormir.
cinco da manhã, ainda sem dormir, já com dor mais forte, mandei mensagem pra minha parteira: se prepara, que acho que é hoje. contrações de 6 em 6 minutos. eu tendo certeza que era pra noite…já que a outra filha demorou bastante pra engrenar. as duas parteiras, Priscila e Giovana, estavam em outras cidades. uma em São Paulo, uma em Itapetininga. ambas a uma hora de distância de nós. 
dali a pouco, 7 horas da manhã, me liga Priscila, rumando de SP pra cá. 
- ué, muito cedo, não se preocupe, não vai precisar tão já! é pra mais tarde, acredito.
- carol, pela sua voz, eu sei que está perto. estou indo pra aí.
liguei pra minha mãe, pedindo pra vir buscar a mais nova. acordei o marido. era hoje.

(contrações de 5 em 5 minutos, eu falando tchau pra Helena durante um intervalo… 3 horas antes do nascimento da Teresa)
quando era 8h da manhã, eu já não conseguia conversar durante as contrações. 5 em 5 minutos, pessoal chegando. eu achando SUPER cedo.
8h30 eu comecei a receber massagens nas costas, pois a dor estava ficando forte. a cada contração, uma agachada no chão e massagem.
9h30 a dor ainda estava suportável, mas bastante incômoda. fui pro chuveiro. fiquei meia hora sozinha, mas a dor apertou. saí pra ser examinada pela primeira vez. 10h da manhã: 8 cm de dilatação e bebê baixando.
- como assim? - falei.
- é pra já. tá vindo.
- não é possível. tá doendo mas tô conversando aqui, rindo.
e eu no facebook no celular falando com a doula (que não pôde acompanhar o parto porque está na mesma idade gestacional que eu, ou seja, quase parindo!) e me acompanhou de longe mandando desligar a porcaria do celular… ir pra partolândia e ir ter este bebê! 
a dor apertou e voltei pro chuveiro. marido entrou junto. e aí não teve volta. sentada, de pé, agachada, de qualquer forma a dor era muito forte. chorei, gritei, pedi pra sair… pedi pra parar o parto. as meninas me disseram que não tinha volta. a pior parte era agora. tinha que se entregar e aceitar a dor, porque ela me traria a bebê. não aceitei. não queria aquela dor. parecia que ela jamais iria sair dali um dia.
(marido me consolando durante a fase final: partolândia é pouco)
saí do chuveiro, mais um exame: dilatação total, pode fazer força. eu deitei e fui descansar. não queria fazer força não. fico preguiçosa no final. cansada, sem dormir. queria mais aquilo não. queria dormir.
- se você não levantar e não fizer força, não ficar numa posição melhor, vai demorar mais, vai doer mais ainda. força, vamos lá. 
marido se uniu na bronca. 
- é agora, carol, ela vai sair daí, vamos, te ajudo, levanta, agora não é hora de pânico. firme, vamos!
chorei, retruquei, e fui. falei com Teresa, bem baixinho:
- vamos lá então, vou te ajudar a sair, você me ajuda? Teresa, você vai sair agora…eu vou te ajudar…
a gente fica meio drogada no final do parto. a natureza é sábia. e eu repetia pra parteira:
- não está doendo mais, por quê?
- porque ela está saindo. 
- natureza, como você é boa! queima, mas não dói. a natureza é linda…
(a louca falando com a natureza bem no meio do parto, totalmente passada e bêbada)
fiz duas forças, de cócoras, no chão. sentada num banco de parto, com marido me segurando pelas costas igual seu avô fez com sua avó durante os 13 partos dela. forças surreais. parteiras de joelhos no chão. se não saísse naquela, capaz de cair de costas, de tanta força que fez. mas não. ela voou pra baixo numa força só. cabeça, corpo, saiu tudo de uma vez. e me deram ela.
(eu ria tanto feito uma maluca. esta é a cara de um parto feliz)
- ela tem cabeloooooooooooooo…. acabouuuuuuuuu….ela saiuuuuuuuuuuuuu…acabouuuuuuuuuuuuu….
todo mundo dando risada no quarto. eita que clima bom. deitei na cama com ela, ela mamou, esperamos o cordão parar de pulsar e a parteira cortou, não fiz questão. ela era bonita de doer e imensa. tomei 5 pontos no total, em pequenas lacerações naturais (nada se comparado à imensa episiotomia desnecessária que tive na outra gestação, quando tomei 10 pontos internos e 10 externos).
acabou. eu olhava pro marido e ele ria. sem roupa verde. sem episio. sem posições ginecológicas. sem máscara, sem vacinas imediatas, sem banho no bebê. ela toda suja e com o melhor cheiro do universo. sem colírio. sem sumir com ela. sem horário de visita. sem anestesia. sem sala de recuperação. sem aspiração. sem soro. sem ocitocina. sem Kresteller. sem colegas de quarto chorando de dor. sem nada. 
duas horas depois, estávamos eu e ele comendo na cama, com Teresa enrolada num pano, dormindo. 
- doeu, ein?
- nossa. doeu.
- e foi ótimo, não?!
- LINDO!
(sou o sossego em forma de neném)
3 horas de trabalho de parto, 2 forças, 3 enfermeiras obstetrizes e uma doula a distância. nós e um bebê de 3,870Kg nascida em casa, de parto natural. assim nasceu nossa Teresa.
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imensos agradecimentos à equipe toda:
(uma hora após o nascimento, foto de equipe, eu cansadona e feliz)
Giovana Fragoso (enf. obstetriz e responsável pelo parto, me acompanhou desde o começo da gravidez)
Priscila Maria Collacioppo (enf. obstetriz, que me aceitou como paciente faltando duas semanas pro nascimento)
Bárbara Claudino (enf. obstetriz - seu primeiro parto domiciliar!)
Gisele Leal (doula - à distância, no nono mês de gravidez!!!)
e à minha família:
ao meu companheiro, Ricardo. haja força. você foi espetacular.
minha mãe, que mesmo com medo das novidades que invento, me apoia em todas elas.
as meninas Helena e Malu, minha filha e enteada, que me inspiram a continuar pondo crianças no mundo.