quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Mulheres que ciclam. Mulheres de poderes infinitos


A evolução da energia do feminino é uma sucessão de passagens, travessias e ritos de passagens. Mulheres que vão se transformando e tornando-se mutáveis ao longo da vida. Uma energia cíclica que nos leva a encontrar, aprender e conhecer infinitas possibilidades sobre nós mesmas.

Uma das primeiras formas de conhecimento pela qual passamos, dá-se na forma da 1a menstruação ou menarca. Neste momento reconhecemos que algo mudou e que agora não somos apenas meninas, somos mulheres que ciclam. Mulheres que nunca mais serão as mesmas. Mas, não disseram para nós que isso era ruim? Não disseram que isso fazia com que fossemos instáveis?

Esqueça tudo que disseram sobre você. Porque são baseados em valores sexistas e do patriarcado que querem nos fazer acreditar que ser cíclica é fator de instabilidade e fraqueza, quando a bem da verdade, ser cíclica um fator de mutabilidade e poder. Sim, poder!

Os maiores poderes de uma mulher está e vem do conhecimento, respeito e saber lidar com seu ciclo menstrual.

·         Menstruação
Este é o período do inverno de cada mulher, onde ela vive sua Lua Nova, se relacionarmos com os ciclos lunares. É momento de aprender a descansar e recolher-se. Ótima fase para aproveitar a intuição mais aguçada e percepções.

Diminuir ritmo e permitir que a purificação aconteça. Neste período os níveis hormonais caem muito, por conta da liberação do tecido endometrial. Por isso, é um período para aproveitar essa energia retraída para trabalhar-se, descansar mais, visto que muitas mulheres sente-se mais fatigada, com dores e desconfortos. 

Aprendemos muito com a observação e proximidade com nossa menstruação. Olhando para ver como está o sangue, cheiros e percepções. Quando reconheço que o sangue menstrual sou eu, tenho que através dele aprender a me aceitar e a compreender o que ele me revela sobre mim.

Já havia pensado sobre isso? Se rejeito ou ignoro meu próprio sangue, quem achas que está rejeitando? É um aprendizado que deve ser gradativo e pode ser facilitado com o auxílio do uso de coletores menstruais ou paninhos. Se você se permitir essas proximidade, irá ganhar o maior presente de todos, que é voltar a estar consigo e reconhecer-se. E isso, não tem preço! Lembremos que o inverno é período de recolhimento exatamente com um ar investigativo, então, mergulhe em si, não force-se desnecessariamente e conserve sua energia, porque você irá precisar dela. Por isso, a palavra chave é PRESERVE-SE.
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   Pós-menstruação
Este é o período da primavera de cada mulher, onde ela vive sua Lua Crescente, se relacionarmos com os ciclos lunares. Ou seja, momento de recomeço, da energia que começa a crescer, da vontade de fazer e sair explorando o mundo. Agora sim é hora de fazer e acontecer, porque se tem energia para isso! Com o crescimento das taxas de estrógeno e da fase folicular, há propensão para expansão, atividade e criatividade. Por isso, a palavra chave é VITALIDADE.
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   Ovulação
Este é o período do verão de cada mulher, onde ela vive sua Lua Cheia, se relacionarmos com o ciclo lunar. É um momento de plenitude, pico hormonal, onde a mulher está em sua fase mais envolvente e ápice do poder que cuida, nutre e expressa-se sexualmente. Pico de fertilidade, e momento ideal para através da observação do muco acompanhar seus períodos férteis, visto que a ovulação acontece apenas uma vez em cada ciclo e libera apena 1 óvulo, que vive até 24 horas, sendo que a ovulação acontece umas 36 horas após o pico de hormônio LH. 

Algumas coisas são percebidas durante a ovulação como o ovário que está ovulando e que lado (pode-se perceber uma leve pontada ou fisgada, assim como um carocinho na virilha), o aumento do fluido vaginal, desejos por determinadas coisas e comidas ou até mesmo dor de cabeça para algumas mulheres. Para reconhecer o muco fértil basta checar se ele estica (elástico), fica mais transparente e escorregadio. A palavra-chave é PLENITUDE.

·   Pré-menstruação

Este é o período do outono de cada mulher, onde ela vive sua Lua Minguante, se relacionarmos com o ciclo lunar. É um mundo de preparação onde preparamos para uma forte liberação e purificação. Conhecida como fase luteal. Onde há o auge do poder feminino mágico e poderoso, pois somos inundadas por todos os tipos de percepções. Por isso que é difícil concentrar-se e muitos sentimentos distintos podem aflorar. Ideal para expressar tudo que é sentido e percebido através da criatividade como dança, escrita, arte, poesia, o que fizer sentido para você. A palavra-chave daqui é LIBERAÇÃO.


Mas, por que estou falando sobre ciclo menstrual? Porque é em nosso ciclo interno que há nosso poder para todo o resto em nossa vida. E devemos aprender a aproveitá-lo melhor! Fomos tão condicionadas a permanecer em uma vida linear, solar e masculina, que esquecemos que nós funcionamos diferente e que isso não é sinal de fraqueza ou de diminuição, pelo contrário. Apenas aponta que somos diferentes e que não deveríamos deixar de ser quem somos para adequar-se, perdendo assim nossa essência feminina única. 

 

Nós mulheres estamos sempre mudando e esta mudança pode ser aproveitada, desde que entendamos o que são, como são e porque são. Nosso corpo é sábio. Ele tem seu momento de recomeço e novas oportunidade, sua fase de preparação e expectativa de vida e geração, é fertilidade e é purificação, assim como é recolhimento e introspecção, e expansão e extroversão. O que causa muito desgaste e desconfortos é querer agir diferente do que o momento te pede. A palavra-chave é FLEXIBILIDADE e ADEQUAÇÃO.


E o que irá propiciar isso é a disposição para a mulher observar-se. Assim, através dos sinais do corpo, das emoções, pensamentos e atitudes, irá conhecendo-se cada vez mais. E ao conhecer-se conseguirá usar todo o potencial de cada fase para o seu melhor, sem rejeitar mas entendendo o porque da diferença de cada estação interior. Cada ciclo nos oferece uma pérola e se brigamos com ela, perde sua beleza. Mas, se a guardamos no interior de nossas mãos, estaremos em pose do verdadeiro empoderamento. Aquele que vem do total conhecimento interior e saber como expressá-lo.

Assim, a mulher, em pose de si, consegue passar pelos ritos maiores de sua vida de forma mais consciente, orgânica e natural. Porque se sei quem eu sou, sei o que fazer quando me é pedido: seja no parto, seja na maternidade, seja na menopausa. Eu sei que ali poderei expressar tudo que sou, porque sei quem eu sou, e o poder que tenho: de gerar, de parir, de maternar e de revelar minha sabedoria quando a sexualidade encontrando novas formas de expressão.

Porque nós somos muito mais do que diziam de nós. Somos corpo, somos sangue, somos muco, somos orgasmos, somos sábias, somos intuitivas, somos plenas, somos poder que se transforma e mostra-se de muitas formas diferentes. E o melhor, é que você pode ser tudo isso sempre que desejar, basta conhecer-se e aprender a utilizar seus poderes interiores, que são suas armas mais poderosas. Porque a você foi ofertado à dádiva de muitos poderes e este está em ser cíclica.

E ao parir, você vive toda sua vida cíclica elevada a última potencial em todos os seus sabores e em toda a profundidade do feminino. Digo que o parto é como um abrir da caixa de Pandora, onde não poderemos esconder nem uma fração do que somos. O parto é a nossa dádiva de sermos as portadoras e guardiãs dos Mistérios do Sagrado Feminino de vida-morte-vida. Porque ali, a mulher morre para quem foi e renasce junto ao bebê, chegando ao mundo novamente, pela 1a vez. Porque um rito de passagem é isso. Ir rumo ao desconhecido. Mas, consigo ir melhor preparada quando já me permiti passar pelos ritos de passagem menores que vivenciamos todos os meses através do nosso ciclo menstrual e experiências de vida. O parto é a expressão de tudo que seu ciclo é: uma explosão da sua sexualidade, um fazer amor com tudo que você é: fluídos, sangue, gemidos e poderes conhecidos/desconhecidos. 

É um buraco negro da Lua Nova, que nos convida a desbravar novos territórios de nós mesmas. É o feminino mais selvagem e mais profundo. É tudo: primavera, verão, outono e inverno, tudo de uma vez só. Por isso, torna-se imperativo vivenciar os ciclos da forma mais honesta, próxima, acolhedora e respeitosa possível, para que assim, você consiga estar em posse dos seus poderes e usá-los para vivenciar tudo que a vida lhe oferecer da mais poderosa possível.

Texto amavelmente escrito por 
Ana Paula Malagueta
Professora de Yoga e Terapeuta Holística especializada em Mulheres, Gestantes e Pós-parto. Doula, Registered Bach Practitioner, Aromaterapeuta e Reikiana. Condutora do Devi Shala Círculo de Mulheres. Editora de conteúdo e texto do Yogaway.com e Yogaway Blog.