terça-feira, 23 de setembro de 2014

Relato de Nascimento do Nicolas (Parto Normal- Hospitalar)



3 de setembro, Itapetininga, 2012

Sei que acordei na segunda com muitas dores. Olhei no relógio: 8 da manhã.
Quando eu me lembro agora eu dou risada, mas  jurava que estava com vontade de ir ao banheiro. Fui e nada. Achei que estava com gases, kkkkkkk... Tomei M****** (rs) na esperança de que ia melhorar. Deitei de novo, marido perguntou o que estava acontecendo e eu falei. Levantei outra vez e fui ao banheiro e nada de novo. E a dor lá, firme e forte.
Estava ficando bem incomodada e comecei a pesquisar na internet, perguntar pras amigas se aquilo que eu estava sentindo poderiam ser as contrações de TP. As amigas que sentiram as dores do parto disseram que devia ser sim e que eu tinha que ligar pro meu médico. E eu no "ligo ou não ligo", morrendo de medo de chegar no médico e não ser nada e eu bancar uma de tonta, kkkkk... Comecei a ver quanto tempo demorava entre uma e outra e pasmem: mais ou menos 5 minutos de intervalo. CHOQUEI! Vi que já fazia uma hora que eu tava nessa e resolvi que devia sim ligar pro médico. A secretária me pediu pra ir pra lá dentro de uma hora.
Fui tomar banho, com aquele gelo na barriga no melhor estilo "será que é hoje mesmo???". Marido também foi pro banho e quando estávamos prontos, a dúvida: levar ou não as malas já no carro? Marido achou melhor não, achei então que pelo menos já devíamos deixar tudo perto da porta, pro caso de precisar voltar correndo pra buscar.
Fomos pro médico e logo fui atendida. Ele fez o exame do toque e nada de dilatação. Cronometrou as contrações e viu que sim, eu estava mesmo em TP, mas que pelo jeito ainda ia demorar... (é...duas horas de bastante dor, num intervalo pequeno entre elas e NADA de dilatação). Ele me perguntou se eu ia aguentar, se eu queria mesmo o PN e eu disse que sim. Me mandou ir pro hospital fazer o exame de cardiotoco pra ver se estava tudo bem com ele.
Logo depois da consulta eu liguei pra minha mãe e falei que tinha acabado de sair do médico. Ela:" e aí, ainda vai demorar, né???" Eu: "não, mãe, É HOJE! Não te disse desde sempre que ia ser dia 03???". Ela ficou meio em choque, kkkkkkk... Falei que estávamos indo pro exame e ela pediu pra gente avisar assim que tivéssemos alguma notícia.
Fomos pro hospital e a dor lá, cada vez mais forte. Parecia que quando ela vinha eu não tinha posição. Deitada era ruim, sentada era ruim...Em pé era um pouco menos pior.
Fiz o cardiotoco e voticontá, que exame chato. Não sei se o aparelho era ruim, se a enfermeira que fez o exame que não era boa, só sei que eu já tava ficando irritada. Depois de não sei quanto tempo, ela conseguiu finalmente um resultado pra mandar por e-mail pro meu médico. Aí tivemos que ficar mais um pouco lá, esperando pra ver o que o meu médico ia dizer. Marido cronometrando as contrações durante toda a espera, algumas vezes o intervalo entre uma e outra eram de dois minutos, não dava pra acreditar! Logo vieram nos avisar que podíamos ir embora e que deveríamos voltar no consultório do meu médico a tarde.
Chegamos em casa lá por meio-dia. Eu só tinha comido uma bolacha água e sal desde ontem à noite. Não sei se estava sem fome por conta da dor, da ansiedade, do medo de ter que ser cesárea (é recomendável jejum de 8h quando é cesárea), só sei que passei com essa bolachinha no estômago o dia todo.
Eu ficava andando de um lado pro outro, segurava no batente da porta, agachava no sofá, gemia pela casa, me sentia uma leoa enjaulada, rs... A dor cada vez mais forte e menos espaçada.
Resolvi então tomar banho de novo antes de voltar na consulta às 15h30. Fomos pro consultório do meu GO de novo e quando ele fez o toque, 2cm de dilatação... Vejo tanta gente que fica só um tiquinho de tempo com dor, as vezes nem dor tem e quando vê já está mega dilatada e a pessoa aqui fica 8 horas em TP e só 2cm de dilatação, kkkkk... Só rindo mesmo! Médico perguntou de novo se eu continuava firme no PN. Nessa hora eu já estava morrendo de medo de não conseguir e sofrer tanto a toa. Perguntei o que ele achava e ele me disse que não podia palpitar, que era uma decisão só minha e que não dava pra me garantir que ia ser PN mesmo, que só a evolução do TP diria... que eu podia ficar mais umas 6 horas tendo contração e conseguir o PN ou não. Pensei: quer saber? Já passei por tudo isso, vamos lá e ver no que dá. Quando eu disse que ia tentar, ele me mandou voltar pro hospital pra repetir o cardiotoco.

Fomos pra casa buscar as malas porque sabíamos que depois desse exame as chances de já dar entrada na minha internação eram grandes. Nessa hora eu estava meio em choque. Não conseguia acreditar que a hora estava mesmo cada vez mais perto, que daqui há algumas horas meu filho estaria nos meus braços. Marido pegou a filmadora e começou a filmar. Filmou o quartinho do Nicolas, deixou uma mensagem  pra ele, veio me filmar e eu nem sabia o que dizer no meio da dor, da ansiedade, da emoção...

Repeti o cardiotoco, dessa vez com as contrações SUPER fortes. Depois que meu GO recebeu o resultado, já ligou pedindo pra ficarmos lá e dar entrada na internação. Algum tempo depois meu GO chegou e foi me examinar. Não sei se é isso mesmo ou se eu sonhei (o cansaço e a dor fizeram algumas partes desse dia ficarem meio confusas) mas nessa hora eu acho que estava com 6cm de dilatação. Ele disse que ia estourar a minha bolsa, que na hora não ia doer, mas que eu ia sentir. Nossa, que estranho que foi! Era água sem fim! Depois disso as contrações aumentaram ainda mais e me levaram pro meu quarto, o quarto 7. Marido do meu lado, me dando apoio.
Logo uma enfermeira veio e me deu um soro pra acelerar o trabalho de parto. MEU DEUS DO CÉU, que vontade de fazer nem sei o que.  Se até então as dores já estavam fortes, agora então ficaram praticamente insuportáveis.
 Nisso meus pais chegaram lá. Muito estranho pensar que meus pais me veriam em TP, principalmente meu pai, mega emotivo que é. Minha mãe disse que depois que ele me viu sofrendo ele saiu chorando, tadinho. Mas foi logo reclamar com as enfermeiras que eu tava lá morrendo de dor, como que ninguém ia fazer nada...rs...
Depois disso vieram moooontes de enfermeiras pro quarto, me falaram pra ficar de cócoras, pra ficar em pé, pra fazer agachamento, pro marido fazer massagem nos meus quadris. E eu só sabia gemer (ou seria quase gritar??? rs...) e falar que eu não ia conseguir, que eu queria anestesia logo...
Mais um tempo (que parecia sem fim) se passou e eu não lembro se o médico veio no quarto e me examinou ou se as enfermeiras colocaram a camisola e me levaram pra sala de cirurgia sem o médico me examinar... Deu branco, rs...
Só sei que fui pra sala de cirurgia e tomei a anestesia. Na hora o alívio foi imenso. Nem acreditei que tanta dor poderia sumir tão rapidamente. Pensei: como pude querer um parto sem anestesia? Mas depois, sempre que me lembro disso, bate uma tristeza...lembrar que fiquei quase 13h em trabalho de parto, lutei e sofri de dor por tantas horas, pra chegar no fim e nem saber o que fazer, não sentir meu filho nascer...com certeza se eu tivesse tido uma doula ao meu lado tudo teria sido diferente.
Depois de mais um tempinho fazendo força, meu médico me avisou que ia precisar fazer a episio (a tão polêmica episiotomia) e eu falei que tudo bem. Mais um pouco de força e... ele nasceu! Hora de nascimento: 20h48. Não chorou logo que nasceu, pro desespero da mamãe, mas tava lá, lindo, grande e cabeludo. Não sabia se eu chorava, se eu sorria... Parecia mentira que aquilo tudo estava acontecendo comigo.
Marido ficou do meu lado durante todo o parto, apoiando, ajudando e filmando, foi pra outra sala junto com o pediatra e a enfermeira acompanhar nosso filhote e eu fiquei lá, esperando, com o coração apertado pra carregar meu filho nos braços pela primeira vez.
Minutos que pareceram horas se passaram e então pude finalmente sentí-lo aqui fora. Acho que nunca vou me esquecer desse primeiro contato, que faz lágrimas correrem pelo meu rosto ao lembrar. Aqueles olhinhos abertos tão lindos, aquele chorinho... Fiquei ali, olhando pra ele, pegando em suas mãozinhas, fazendo carinho, falando que eu o amava muito. Por mim ele não saia mais dali. Infelizmente logo ele teve que ir e eu fiquei ali, contando os minutos pra poder pegá-lo nos braços de novo.
Enquanto eu era costurada, as enfermeiras me parabenizavam pela coragem do PN, que elas quase nunca viam uma mamãe corajosa como eu, que nem elas tinham tido coragem, rs... Meu médico também veio e me deu os parabéns, falou que eu fui guerreira, que ele achava que eu ia acabar desistindo.
Depois fui pra uma salinha de observação pós cirurgia e nem sei mais quanto tempo fiquei por lá...as horas e minutos não estavam fazendo muita diferença pra mim nesse dia. Me levaram pro quarto e logo a família toda foi me ver...Marido, pai, mãe, irmão, vó, sogro, sogra, cunhada... Todo mundo emocionado, todo mundo me elogiando, todo mundo falando do nosso príncipe, todos babando, rs...

Um tempinho depois ele chegou. Tão lindo, tão lindo!!! Vestindo a roupinha que comprei com tanto carinho, que sonhei tanto em vê-lo usando... Sonho nenhum se comparou àquele momento. A emoção foi muito maior do que eu podia imaginar. O amor que eu senti por ele tão de imediato foi absurdamente maior do que eu podia imaginar. Meu filho é muito mais lindo do que qualquer sonho que eu tive (sou coruja mesmo, tá??? rs...). Tão perfeitinho, tão saudável, com a graça de Deus. Só sabia agradecer à Ele pela saúde do meu filho, por ter dado tudo certo, por estarmos ali juntinhos.

Texto pela mãe Empoderada Talita Monteiro Paes Brisola