domingo, 15 de maio de 2016

Laceração perineal

O papo sobre parto normal mal começa e já surgem muitas dúvidas sobre laceração, hoje vou tentar explicar um pouco o que é essa laceração que pode ocorrer no parto e como preveni-la. Neste post não falaremos sobre a episiotomia, que já é uma laceração perineal significativa e seu uso, segundo as evidências mais recentes, é totalmente desnecessária. Fica o assunto para um próximo texto.

Essa é a anatomia do períneo, para ajudar a visualizar o que é o períneo e onde ele se encontra:

 
Laceração ou rotura perineal é uma lesão que acomete um conjunto de músculos e ligamentos, localizados entre a entrada da vagina e o ânus, podendo ocorrer na fase expulsiva do trabalho de parto. É um rompimento natural dos músculos perineais, seguindo o desenho da musculatura, para garantir a passagem do bebê. Essas lacerações podem ser de:


- Primeiro grau:  A rotura atinge pele e mucosa. Este tipo de lesão é pequena, à flor da pele e geralmente cura sem quaisquer pontos. Eles geralmente causam pouco ou nenhum desconforto e são superficiais.
- Segundo grau: A rotura se estende para os músculos perineais. Este tipo é profundo e atinge até os músculos.
- Terceiro grau: O  esfíncter anal é atingido. É considerada uma lesão mais grave envolve  pele e músculos da região perineal. Às vezes, pode atingir os músculos que rodeiam a região anal ou do reto, causando incontinência fecal, caracterizada pela dificuldade de controle das fezes.
- Quarto grau: rotura atinge todas as estruturas, inclusive mucosa retal. Este tipo de lesão é considerada grave e estende-se para além dos músculos do ânus.
 
 As lesões mais comum durante um parto normal são de primeiro e segundo grau. Visto que, quanto mais intervenções maior o risco de uma laceração mais significativa.
 
Alguns dos motivos para que essas lesões ocorram são, por exemplo:
⦁    posição da mulher em decupito dorsal (deitada de costas) / posição litotômica;
⦁    saída rápida do bebê;
⦁    parto instrumental;
⦁    puxos dirigidos.
 
As evidências nos mostram que existem algumas estratégias usadas durante o parto para diminuir  o risco de lacerações, são elas:
⦁    proteção do períneo com compressas mornas;
⦁    massagem perineal intraparto se tolerada pela mulher.
 
É comum a mulher ter pequenos cortes ou escoriações, que se curam sozinhos. Assim como, algumas lacerações consideradas leves também não necessitam de pontos para cicatrizar. Com cuidados específicos, o corpo mesmo se encarrega da cura.
 
Prepação do períneo
Preparar o períneo para o parto é uma dica muito importante se você deseja manter um períneo integro após parir. Esse preparo pode ser feito por meio de exercícios fortalecedores, massagem perineal ou até mesmo o uso de um equipamento chamado Epi-no.

 A massagem perineal, pode ser feita pela gestante ou pelo companheiro, com o uso de algum óleo para preparar/lubrificar a área para a massagem. Você pode usar óleo de semente de uva; óleo de gergelim prensado a frio ou ghi  (ambos muito indicados pela medicina Ayuverda); óleo de massagem pré natal da Weleda; entre outros de sua preferência para uso interno. A figura ao lado ilustra os movimentos que devem ser feitos durante a massagem. Empurrar a musculatura para baixo e fazer movimentos em forma de U.





O Epi-no é um aparelho alemão, que consiste em inflar um balão de ar dentro da vagina até o limite que seja tolerável e expulsa-lo, imitando a passagem do bebê. Prepara a musculatura e permite a percepção de como será durante o parto.




Bom, nada dá a garantia de um períneo integro, mas vale preparar a musculatura para esse momento. Lembrando que partos em posições verticalizadas promovem uma maior abertura do canal vaginal. Assim, se prepare para o parto e, se possível, procure uma equipe que vá te atender de uma forma humanizada, com o menor número de intervenções possíveis.