segunda-feira, 9 de maio de 2016

Valorização da maternidade

Valorizar a maternidade tem de ir além de uma simples data comemorativa (a segunda mais lucrativa do comércio), como ganhar um post na rede social ou uma rosa do supermercado.

Valorizar a maternidade é reconhecer o trabalho árduo daquela mãe em tempo integral; ou da que divide seu dia entre filhos e emprego.

Valorizar a maternidade é reconhecer os esforços das mães que criam seus filhos sozinhas. Apenas 30% do salário do pai, muitas vezes, não dá nem para começar a calcular os gastos com uma criança.

Valorizar a maternidade é olhar para uma mãe jovem livre de preconceitos e reivindicar políticas públicas que garantam a continuidade dos seus estudos, seja na universidade, seja num curso técnico, seja na conclusão do ensino médio.

Valorizar a maternidade é buscar igualdade, ou seja, que pai e a mãe tenham as mesmas responsabilidades para com os filhos. Que ninguém se sinta sobrecarregado. É a mulher, assim como o homem, poder buscar um emprego e conseguir a vaga, mesmo tendo filho pequeno, sem sofrer discriminação por conta disso.

Valorizar a maternidade é falar a verdade sobre o que é ser mãe. Desconstruir essa ideia de mãe ideal, perfeita, de comercial de televisão. Nós mulheres temos de falar o que é a maternidade real, o quanto ela é cansativa, dolorosa, cheia de fardos e culpas.

Valorizar a maternidade é julgar menos e acolher mais. Nada é regra na sua vivência:
A mulher que pariu em casa é mãe;
A que teve cesárea é mãe;
A que amamenta é mãe;
A que dá formula é mãe;
A que usa fralda de pano é mãe;
A que usa fralda descartável é mãe;
A do BLW é mãe;
A da papinha é mãe;
A da escola Waldorf é mãe;
A da colégio tradicional é mãe;
A que dá só orgânicos é mãe;
A que dá um doce é mãe;
A que não deixa o filho ver TV é mãe;
A que deixa ver TV é mãe.

Todas somos mães e merecemos ser valorizadas, bem mais do que hoje. Merecemos espaço e divisão de responsabilidades. Merecemos mais "cadê os PAIS dessa criança?", do que "cadê a mãe dessa criança?". Merecemos menos preconceitos e mais acolhimentos.

Um abraço fraterno a todas as mães! Solteiras, jovem, de barriga ou coração, em tempo integral ou não. Adjetivos não podem nos separar. Que esse seja também um dia de luta, contra o preconceito, a desvalorização, a sobrecarga, o acumulo de função dentro e fora de casa, contra o padrão de mãe ideal que nos é imposto.

"Bela, recatada e do lar"; só se nós quisermos.





Texto por Camila Prado